domingo, 9 de maio de 2010

A minha árvore linda

Um dia eu plantei uma semente. Os dias passavam e a sementinha começou a desabrochar. Um pequeno fiozinho brilhante e verde-claro começou a sair da terra. Fiquei muito contente, e todos os dias ia até lá, regar a minha planta.
O tempo foi passando, e a plantinha transformou-se numa jovem árvore. Era uma árvore linda, tão linda como todas as outras árvores, mas a minha amiga tinha uma luz diferente das outras, era uma luz tão brilhante que fazia concorrência às estrelas.
Não tinha nada que as outras árvores em volta não tivessem, excepto a sua luz, mas eu era como se fosse sua mãe, fui eu quem a criou, por isso, para mim, era a mais linda de todas.
O seu tronco era como um delicado corpo de mulher, e os seus ramos eram como braços, e as suas folhas, verdes e brilhantes, eram como cabelos, longos cabelos, iguais aos da mãe natureza.
Eu, como podem imaginar, estava muito orgulhosa da minha árvore, ela tinha desabrochado uma flor, uma flor branca, tão bonita e delicada que dava vontade de cantar só de olhar para ela.
Um dia quando estava a observar a flor sentada num dos ramos da árvore, ouvi um pássaro a piar e a cantar, a flor devia-o ter enfeitiçado. Olhei para cima e vi um ninho num dos ramos mais altos, e nesse ramo estava uma flor tão linda como a primeira. Nem reparei na flor com muita atenção porque dentro do ninho, estava a nascer um passarinho bebé. A casca já estava a rachar e via-se agora um pequeno bico amarelo, a espreitar por um buraco do ovo. Ouviu-se o som do passarinho a cantar, e a esforçar-se para sair daquela casca que o prendia. De repente, a casca branca do ovo partiu-se e, o passarinho nasceu. Eu assisti a tudo e, quando dei por mim estava a chorar, estava a chorar de felicidade. Eu tinha acabado de assistir a um dos grandes milagres da vida, e o melhor de tudo, é que o nascimento do passarinho aconteceu num dos ramos da minha árvore, que era como uma filha para mim, logo, o passarinho era meu neto.
Nesse dia, não voltei para casa, dormi ali mesmo, passei a noite ao lado da minha árvore linda, a ver as estrelas. Enquanto olhava para o céu, contava-lhe histórias e ela respondia-me com o som do vento a passar pelas folhas. Eu, apesar de ser noite e de estar no meio de uma floresta escura, não senti medo, pois tinha ao pé de mim a minha bela amiga, um passarinho lindo e a natureza.
A natureza nunca me fará mal, porque eu também não lhe faço mal nenhum, pelo contrário, eu defendo-a e respeito-a.
De manha acordei muito bem disposta, mas, apesar de não me querer ir embora, tive de voltar para casa. O tempo foi passando, mas eu nunca passei um dia sem ir ter com a minha árvore linda. Reparei que algo se passava, a flor estava a dar fruto. Fiquei muito feliz e agradeci à minha arvorezinha.
Haviam pessoas que achavam que eu era maluca, porque falava com árvores, pássaros, flores e animais. Mas eu nunca lhes liguei nenhuma. Eu era muito mais feliz do que muitas dessas pessoas, isso de certeza.
Num dia de chuva, em plena Primavera, eram as chuvas primaveris, eu voltei para ver a minha árvore, não era por estar a chover que eu ia deixar a minha árvore sozinha. Mas nesse dia eu estava triste, e como eu chorei, ela também chorou, eu chorei lágrimas e ela chorou orvalho. O passarinho é que nos animou, começou a cantar, e eu reparei como tinha crescido, e como a árvore estava bonita, e como o nascer do sol era tão belo, e como o som do vento nos ramos era tão calmo, e como a chuva miudinha era refrescante.
Quando subi à árvore, o fruto não estava lá, o vento tinha-o feito cair. Desci da árvore e apanhei-o. Quando voltei a subir, trinquei o fruto, e cada dentada, era como um mar de delícia, senti que tudo estava perfeito porque estava com o passarinho, com a minha árvore linda e com aquele fruto maravilhoso que era um prazer que não se acabava nunca, nunca, nunca…
(Escrito por mim em 2009, nas férias)

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